A Vale (VALE3) comprovou, com a divulgação do Relatório de Produção e Vendas do Terceiro Trimestre de 2025 (3T25), que Vale tem trimestre forte em termos operacionais.

A mineradora não apenas reportou resultados sólidos em volumes, mas também avançou decisivamente na execução de sua estratégia de crescimento e premiumization (melhora da qualidade do portfólio), consolidando o maior volume de produção de minério de ferro desde 2018.
No entanto, o balanço de resultados revela uma inflexão estratégica no portfólio de produtos e riscos associados à volatilidade do mercado. Embora a Vale tem trimestre forte na produção, a redução no mix de pelotas e a dependência da demanda chinesa impõem cautela para o futuro do valuation.
I. Minério de Ferro: Volume Recorde e A Execução do Ramp-up
O coração da Vale, o minério de ferro, superou as expectativas. A produção totalizou 94,4 milhões de toneladas (Mt), um aumento de 3,8% na comparação anual.
- Motores do Crescimento: O desempenho foi impulsionado por um novo recorde trimestral no S11D e o avanço dos ramp-ups (aumento gradual de produção) nos sistemas Sudeste (Brucutu e Capanema) e Sul (Vargem Grande VGR1).
- Aumento nas Compras: O aumento nas compras de minério de terceiros também foi relevante, avançando 18,2% em relação ao ano anterior.
- Vendas Sólidas e Estoque: As vendas totais de minério de ferro somaram 86,0 Mt, alta de 5,1% na comparação anual. Contudo, a Vale informou que 4,5 Mt de produção ficaram em trânsito (formação de estoque), concentradas em cargas destinadas à China. A expectativa é que esses estoques se transformem em vendas no quarto trimestre, mas o desempenho dependerá do ritmo da recuperação da economia chinesa.
II. A Inflexão Estratégica: Foco em Finos e Queda nas Pelotas
O mix de produtos foi o ponto de maior atenção do relatório, mesmo com a performance que demonstra que a Vale tem trimestre forte.
- Redução de Pelotas: A produção de pelotas recuou drasticamente 22,8% na comparação anual, refletindo os ajustes nos níveis de produção em resposta às condições atuais de mercado. O preço realizado das pelotas, inclusive, caiu 11,7% (para US$ 130,8 por tonelada), refletindo a menor demanda nos mercados europeu e asiático.
- Otimização de Finos : A companhia direcionou parte do pellet feed (matéria-prima para pelotas) para a venda como finos de minério de ferro, estratégia que visa otimizar as margens. Consequentemente, as vendas de finos de minério aumentaram 8,2% na comparação anual.
Analistas apontam que, embora o aumento da exposição a finos melhore os volumes, ele torna a receita mais sensível à volatilidade do preço spot do minério, já que os finos têm margens mais sensíveis às oscilações da demanda chinesa. Vale tem trimestre forte em volume, mas ficou mais exposta à flutuação de preços.
III. Preços: Prêmio de Qualidade Dispara e Sustenta a Receita
A tese de que a Vale tem trimestre forte é reforçada pela melhora na realização de preços e prêmios de qualidade.
- Preço dos Finos em Alta: O preço médio realizado dos finos de minério de ferro subiu para US$ 94,4 por tonelada, crescimento de 4,2% na comparação anual e 10,9% frente ao trimestre anterior.
- Prêmio All-in Forte: O prêmio all-in (prêmio total de qualidade) totalizou US$ 2,1 por tonelada, um avanço de 23,5% em relação ao ano de 2024. O aumento foi suportado pela maior contribuição de produtos de baixo teor de alumina.
IV. Cobre e Níquel: Diversificação Reforça a Tese de Longo Prazo
Os Metais para Transição Energética também demonstram que a Vale tem trimestre forte na execução do ramp-up, reforçando a tese de diversificação do portfólio.
📈 Cobre: Crescimento Sólido
- A produção de cobre atingiu 90,8 mil toneladas (kt), avanço de 5,7% na comparação anual, apoiada pelo excelente desempenho do complexo Salobo no Brasil.
- As vendas de cobre cresceram quase 20% no mesmo período, com preço médio realizado de US$ 9.818 por tonelada, alta de 8,9% na comparação anual.
🔋 Níquel: Estabilidade e Expansão

- A produção de níquel ficou estável em 46,8 kt, com uma leve variação negativa de 0,6% na comparação anual.
- O destaque operacional é o início de operação do segundo forno de Onça Puma, que adiciona cerca de 15 mil toneladas por ano de capacidade.
- Risco de Preço: O preço realizado, contudo, caiu 9,2%, para US$ 15.445 por tonelada, acompanhando a desvalorização do metal na LME (Bolsa de Metais de Londres).
V. Perspectiva: Rumo ao Limite do Guidance
A Vale tem trimestre forte e está no caminho para atingir o limite superior do guidance (meta) de produção de 2025, tanto em minério de ferro quanto em cobre e níquel.
O desempenho operacional consistente reforça a confiança na execução, o que é um fator positivo para a tese de investimento. No entanto, o cenário global de preços voláteis e a recomposição do mix de produtos (maior exposição a finos) tornam a receita mais sensível às oscilações internacionais. A Vale tem trimestre forte, mas enfrenta riscos associados à volatilidade das commodities e à recomposição do mix de produtos.
Para o investidor do kelvininvest.com, a lição do 3T25 é clara: a Vale está no caminho da eficiência e do volume, mas a gestão do risco de preço no segmento de minério de ferro continua sendo o principal desafio para sustentar a forte geração de caixa do trimestre.
📰 Resumo dos principais números (3T25)
| Indicador | 3T25 | Variação Anual |
| Minério de ferro produzido | 94,4 Mt | +3,8% |
| Minério de ferro vendido | 86,0 Mt | +5,1% |
| Produção de pelotas | 8,0 Mt | -22,8% |
| Cobre produzido | 90,8 kt | +5,7% |
| Níquel produzido | 46,8 kt | -0,6% |
| Preço finos (US$/t) | 94,4 | +4,2% |
| Prêmio tudo incluído (US$/t) | 2,1 | +23,5% |
| Preço pelotas (US$/t) | 130,8 | -11,7% |
| Preço cobre (US$/t) | 9,818 | +8,9% |
| Preço níquel (US$/t) | 15.445 | -9,2% |
