Alerta do Core CPI: A Armadilha da Inflação que o Fed Criou e o que a Selic Fará em 2026.

- O Risco: O principal risco do corte de juros do Fed é que ele pode ser tardio ou insuficiente, forçando o Fed a reverter a política. Isso traria forte volatilidade para o câmbio e a Renda Fixa global.
- A Selic 2026: A perspectiva de alívio monetário nos EUA pressiona o Banco Central do Brasil (BC) a acelerar a queda da Selic. Nossas projeções indicam que a taxa pode convergir para 8,5% até o final de 2026.
- Aposta de Valor: Com a Selic em queda, ativos Prefixados e Fundos de Ações (especialmente do setor Cíclico Doméstico) voltam a ser a grande aposta de valor, enquanto a segurança do Pós-Fixado diminui.
- O Alerta da Inflação: O núcleo da inflação americana (Core CPI) ainda mostra resiliência. O mercado está ignorando este risco, o que cria uma possível “armadilha” para investidores que se alavancam rápido demais.
O Ciclo Mudou: O Cenário Pós-Corte de Juros do Federal Reserve
O aguardado corte de juros do Fed em 2025 não foi apenas um evento pontual; ele marca o fim de um ciclo de aperto monetário e o início de uma nova era de alívio, cheia de riscos e oportunidades. Este movimento, apesar de amplamente precificado, desencadeia um efeito cascata que atinge desde o investidor de Treasuries (Títulos do Tesouro Americano) até o aplicador brasileiro de CDB ou Tesouro Direto.
O Fed adotou uma abordagem cautelosa sob pressão, mas o risco oculto do corte de juros reside na inflação persistente. Os dados do Core CPI nos EUA mostram resiliência. Se o Fed falhar em controlar este núcleo, o ciclo de corte de juros pode ser interrompido, causando forte aversão a risco e fuga de capital. A alta volatilidade (medida pelo índice VIX) reforça a necessidade de portfólios defensivos, mas prontos para capturar o prêmio de risco.
O Dilema do BC Brasileiro: A Pressão Externa na Selic

A política monetária americana sempre foi o principal balizador do Brasil. Com o corte de juros do Fed, o Banco Central (BC) brasileiro ganha uma margem de manobra adicional para acelerar o ritmo de redução da Selic.
A Convergência de Juros
Historicamente, quando o Fed começa o corte de juros, o capital estrangeiro se sente mais confortável em buscar yield (retorno) em economias emergentes com taxas ainda altas, como o Brasil. Isso gera um fluxo cambial positivo, valorizando o Real e ajudando a controlar a inflação doméstica (já que o dólar mais baixo barateia importações).
O cenário para a Selic em 2026 está mais claro, mas depende da aceleração do BC e do Risco Fiscal Doméstico. Analistas já projetam o fim do ciclo de corte de juros mais cedo no Brasil, com a Selic podendo convergir para 8,5% até o final de 2026 (uma visão mais agressiva). No entanto, o mercado, conforme o último Boletim Focus do Banco Central, projeta a Selic em 12,25% para o final de 2026, sinalizando cautela no ritmo de cortes. O BC monitora o risco fiscal (endividamento e gastos públicos): se o governo acelerar gastos, o corte de juros do Fed pode ser neutralizado pelo risco interno, forçando o BC a segurar a queda da Selic.
O Portfólio do Investidor: Renda Fixa e Renda Variável
A nova fase global exige uma reavaliação imediata da alocação de ativos. O foco deve migrar de ativos de proteção para ativos que capturam crescimento.
Renda Fixa: Adeus ao Pós-Fixado Gordo
Com a Selic em queda e a perspectiva de alívio do Fed, a rentabilidade real (acima da inflação) do CDI e dos títulos Pós-Fixados (como Tesouro Selic) tende a diminuir. Os títulos Prefixados (TTM e LTN) tornam-se extremamente atraentes. O investidor que travar uma taxa de 11,5% em um título prefixado de longo prazo agora, enquanto a Selic cai para 8,5% em 2026, garantirá um ganho exponencial na marcação a mercado. Já os Títulos de Inflação (IPCA+) continuam sendo a âncora do portfólio. Eles oferecem proteção contra o risco oculto do corte de juros (que é o retorno da inflação) e garantem um ganho real.
Renda Variável: O Ciclo de Alta
O cenário de juros mais baixos no Brasil e, principalmente, nos EUA é um catalisador poderoso para o mercado de ações. Empresas que dependem do crédito e do consumo interno (Ações Cíclicas Domésticas, como varejo, construção civil, educação) se beneficiam diretamente da queda da Selic. O risco delas diminui, e os lucros tendem a aumentar com o crédito mais barato. A queda dos Treasuries americanos diminui o custo de capital das big techs. Investidores em BDRs de tecnologia (ex: Amazon, Alphabet) tendem a ver valorização por conta do cenário de corte de juros nos EUA.
Estratégia de Mitigação: Ouro e Urban Mining
O investidor deve proteger a carteira contra o risco oculto do corte de juros, que é a desancoragem inflacionária. O Ouro está sendo negociado em patamares próximos às máximas históricas. Historicamente, ele se comporta como um hedge em três cenários atuais: (1) incerteza geopolítica, (2) inflação persistente e (3) dólar fraco. Uma alocação tática no metal é prudente para proteger o poder de compra da carteira.
Além disso, o investidor deve manter o foco em empresas ligadas à autonomia mineral, pois a dependência da China é um fator de inflação estrutural no setor de Defesa e Tecnologia. O investimento em tecnologia de Reciclagem de Terras Raras (Urban Mining) atua como um hedge contra a escalada de preços causada pelas restrições chinesas.
Visão Final: A Recompensa pelo Risco
O corte de juros do Fed sinaliza uma mudança de rota na economia global. O risco oculto do corte de juros é real, mas a complacência é a maior ameaça à rentabilidade. Para o investidor, este é o momento de tomar decisões ativas: diminuir a exposição ao Pós-Fixado gordo e aumentar a alocação em ativos que se beneficiam da queda do custo do capital. Priorize a Marcação a Mercado em Prefixados e a Exposição ao Ciclo de Crédito em Ações Domésticas. O investidor que souber balancear o risco inflacionário com a busca por crescimento colherá as maiores recompensas deste novo ciclo.
